Ensaio em Revezamento de Expatriados - 2 - Com a suavidade do jiu-jitsu brasileiro, por Kosuke Yasutake, do Sankyu Logistics

Caros leitores do Brasil Nippou, olá. Tudo bom?
Meu nome é Kosuke Yasutake da Sankyu Logistics do Brasil Ltda. Escrevo este ensaio em revezamento após receber o bastão de Saulo Aoki, da CloudAce Corporation.
Embora Saulo e eu sejamos de setores diferentes, nos conhecemos no Instituto de Filosofia Empresarial do Brasil, onde estudamos a filosofia de gestão do falecido Kazuo Inamori, fundador da Kyocera. Os ensinamentos de Inamori são conceitos universais que se aplicam além de setores, fronteiras nacionais e épocas. Para aqueles interessados em nossa associação, por favor vejam o artigo de introdução do Instituto de Filosofia Empresarial do Brasil na edição de 2 de julho de 2025 deste jornal e entrem em contato comigo, que sou responsável.
A Sankyu Logistics do Brasil, onde trabalho, é uma empresa de logística integrada que atua no transporte marítimo, aéreo e multimodal com origem/destino no Brasil, transporte terrestre doméstico, desembaraço aduaneiro de exportação/importação e operações de armazém. Nossa matriz, a Sankyu Corporation, recebeu o nome "Sankyu" pegando as primeiras letras de "Sanyo" e "Kyushu", locais de sua fundação. Nesse nome está incorporado o sentimento de "obrigado (Thank you)", e esse espírito tem algo em comum com o "coração de gratidão" da filosofia de Inamori, fazendo-me perceber novamente a amplitude da filosofia de Inamori.
O Brasil é um país com sistema tributário e legislação complexos, onde a dificuldade da logística e comércio é alta, mas nossa empresa, com base em mais de 30 anos de experiência, tem encontrado junto com nossos clientes os métodos logísticos mais adequados. Desde a indústria automobilística até o varejo, aproveitamos a rede mundial da Sankyu para fornecer transporte integrado porta a porta.
O motivo da minha transferência para o Brasil foi a transferência de meu superior da época em que trabalhava em Tóquio. Embora tivesse admiração pelo Brasil desde os tempos de estudante, não falava português e nunca havia visitado o país - mesmo assim meu superior me deu essa oportunidade. A razão dessa admiração era o jiu-jitsu brasileiro.
Comecei a praticar judô no ensino médio, mas o motivo foi ter visto um lutador de físico magro do Gracie Jiu-Jitsu, uma escola do jiu-jitsu brasileiro, vencer sem ferimentos em competições de artes marciais repletas de lutadores robustos. Como na época não havia dojos de jiu-jitsu brasileiro no Japão, escolhi o judô, que é sua origem.

Após a transferência para o Brasil, realizei meu sonho e comecei a frequentar um dojo, mas tive grandes dificuldades com os 20 anos de pausa e as diferenças com o judô. Não conseguia acompanhar nem fisicamente nem tecnicamente, e houve uma época em que me afastei do dojo. Mesmo assim, recentemente finalmente me acostumei e consegui frequentar regularmente. Não sei por quantos anos mais poderei ficar no Brasil, mas secretamente estou mirando conseguir a faixa azul.
Vivendo aqui de fato, minha impressão mudou muito. Primeiro me surpreendi com o fato de o inverno ser inesperadamente frio. Imaginava um país tropical, mas o inverno brasileiro na época que corresponde ao verão japonês é bastante frio. No entanto o que supera esse frio é o calor das pessoas. Uma cultura onde se cumprimenta desconhecidos com sorrisos e os trata com carinho está viva aqui.
E sinto que posso viver confortavelmente como estrangeiro graças à confiança construída ao longo dos anos pelos nossos antecessores nipo-brasileiros. Embora os sentimentos de gratidão não possam ser expressos completamente aqui, por favor visitem o Museu da Imigração Japonesa na Liberdade.
Minha esposa, que vive comigo, também se apaixonou completamente pelo Brasil, chegando a dizer "poderia viver aqui permanentemente". Ela fala português melhor que eu, se adaptou ao ambiente mais rapidamente e está aproveitando a vida. Acabei falando só sobre a vida no Brasil, mas, se tiverem algum problema relacionado à logística, por favor entrem em contato comigo.
Por fim, o que sinto através da vida no Brasil é a importância da flexibilidade, como no jiu-jitsu brasileiro: "se não conseguir derrubar de frente, mude o ângulo e ataque". É um país onde as coisas não saem como planejado muito mais do que no Japão, mas dentro disso há a sensação de criar soluções e crescer pouco a pouco.
Eventos inesperados se conectam para gerar novos resultados - como minha frase favorita "quando o vento sopra, o fabricante de barris lucra", espero que esse desafio no Brasil traga uma boa influência inesperada para mim e para os que me cercam.
Obrigado!
◆Estamos buscando ensaios com tema de experiências no exterior, principalmente de pessoas lotadas na América do Sul, incluindo aqueles que imigraram e estão envolvidos na gestão empresarial local. Por favor, enviem sobre o que notaram sobre o Japão ou sobre o local após serem transferidos, experiências que gostariam de compartilhar com todos ao redor, conteúdos que gostariam de transmitir para conhecidos no Japão etc. Para detalhes sobre consultas, entrem em contato com a redação (contatojp@brasilnippou.com, assunto "Ensaio em Revezamento de Expatriados").