História da mudança da Escola Japonesa de São Paulo: Ex-aluno presidente da APM Izuyama conta: "Campo Limpo era o prédio dos nossos sonhos"

"Era o prédio dos sonhos. Realmente espaçoso, tinha até piscina. Também convidávamos equipes brasileiras para jogos de futebol. Mesmo nos intervalos de apenas 10 minutos, saíamos para brincar" -- assim fala sobre o prédio de Campo Limpo da Escola Japonesa de São Paulo (doravante EJSP), que foi decidido ser demolido, Sadao Izuyama (64 anos, segunda geração), atual presidente da APM (Associação de Pais e Mestres) da escola e também ex-aluno. Izuyama nasceu no Brasil e a frequentou junto com seus irmãos.
A EJSP foi fundada em 1967 como curso de japonês da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras, localizada inicialmente num canto do prédio do Bunkyou, na Liberdade. Posteriormente, em 1968, transferiu-se para dentro do Colégio São Francisco Xavier. Izuyama ingressou nessa época. Alugavam salas de aula de uma escola católica onde havia padres nikkeis, e, como era uma escola masculina, não havia banheiros femininos. Izuyama, que tinha então o segundo ano do ensino fundamental, lembra vagamente de ter sentido uma sensação de sufocamento e de ter havido atritos por serem tratados como forasteiros.
Depois, em 1970, transferiu-se para o prédio de Jabaquara. Embora tenha sido gratificante ter um prédio exclusivo para os alunos da escola japonesa, ficava próximo ao aeroporto e o ruído dos aviões era muito alto. Os aviões daquela época faziam mais barulho que os atuais, e a cada passagem não se ouvia a voz do professor, interrompendo as aulas.
A propósito, no próximo ano a EJSP se transferirá para perto do aeroporto de Congonhas, mas "ali fica fora da rota dos aviões, então não passarão pelo que nós passamos", comenta Izuyama, que como presidente da APM já foi fazer uma inspeção antecipada.
O prédio de Jabaquara também ficou com falta de salas devido ao aumento do número de alunos. Então alugaram a casa vizinha, derrubaram o muro e fizeram um acesso para realizar as aulas. No sexto ano do ensino fundamental, teve aulas na casa vizinha, mas "havia muitas pulgas, coçava muito e durante as aulas ficava coçando as pernas. Quando chegava em casa, minha mãe dizia 'coloque toda a roupa no balde da entrada antes de entrar em casa', para não trazer pulgas para dentro", relembra. O pátio também era pequeno, dividindo o uso por série em dias da semana. "Por isso, quando nos transferimos para o Campo Limpo, não precisava mais dividir por série, foi realmente o máximo", conta sorrindo.
Em 1974, a EJSP se transferiu para o Campo Limpo. Um prédio gigantesco com área de 120 mil metros quadrados. O undoukai era realizado com muitas pessoas, e no revezamento dividiam ainda mais os times branco e vermelho, competindo com um total de 4 equipes. No início dos anos 1980, o número de alunos chegou ao máximo de mais de 900. "Naquela natureza exuberante, fomos criados livremente sem restrições. Por isso, acho que não havia bullying. Os alunos que frequentavam a EJSP eram em sua maioria filhos de famílias de funcionários transferidos, criados num ambiente onde se podia ter uma mentalidade internacional. Quando ingressei no ensino médio e na universidade, percebi novamente a excelência dos alunos da EJSP. Há muitos que se destacaram posteriormente", conta Izuyama.
Izuyama cursou o ensino fundamental e médio na EJSP, vivenciou três transferências e se formou. Atualmente seu filho do primeiro ano do ensino médio estuda lá, e ele próprio, servindo como presidente da APM, acompanhou a transferência do Campo Limpo para Congonhas. "Também fui muito bem cuidado, e, embora o mandato de presidente da APM termine em março, depois disso quero como pessoa física fazer algo pela EJSP", expressa seus sentimentos.
A maioria dos alunos da EJSP vai de ônibus escolar, e os contratos são feitos pela APM. "Como falo português, pretendo continuar as negociações com as empresas de ônibus. Na época do prédio de Jabaquara podia-se comprar almoço do lado de fora, então, quando nos transferirmos para Congonhas, para reduzir a carga dos pais, quero introduzir um sistema no qual se possa comprar almoço", afirmou, buscando o futuro formato da EJSP baseado em sua própria experiência.