Fotógrafo Yuji Kusuno celebra 83 anos com grande festa com samba e 200 amigos

　Uma festa de aniversário para celebrar os 83 anos do fotógrafo e produtor de arte Yuji Kusuno (natural de Hokkaido) foi realizada na noite de 31 de julho no Coisa Mais Linda Bar, no bairro Bela Vista, em São Paulo. Kusuno, ainda em atividade, viajando entre o Brasil e o Japão, disse que planejou a festa porque "chegou à idade em que não seria estranho se o chamado do céu viesse a qualquer momento. Enquanto ainda tenho saúde" (palavras do próprio).

　No dia do evento, além da apresentação ao vivo do cantor de samba Augusto Swing e sua banda, também apareceram duas dançarinas de samba. Como desejava "passar uma noite divertida com os amigos", tornou-se uma festa alegre e animada.

　Refletindo a ampla rede de contatos de Kusuno, cerca de 200 amigos e conhecidos de diversas idades, dos 20 aos 90 anos, se reuniram. Vieram não apenas de São Paulo, mas também de várias partes do Brasil para celebrar. O irmão mais velho e pintor, Tomoshige Kusuno (90 anos), o vereador George Hato, além de pessoas representativas da sociedade nikkei, funcionários japoneses de empresas multinacionais, estudantes intercambistas e outros aprofundaram suas interações, aqueceram antigas amizades e também se tornou um local de novos encontros.

　Durante o evento, Kusuno disse "na verdade, vocês não me conhecem muito bem" e apresentou sua trajetória. Como alguns participantes disseram "estava bêbado e não consegui ouvir bem", o Diário Brasil Nippou versão web publica o texto completo da apresentação pessoal.

Texto completo da apresentação pessoal em português

Obrigado por vir ao meu aniversário e me dar um presento😊. Fiz uma breve introdução à historia de Yuji no local, mas você não conseguiu me ouvir. Então estou lhe enviando uma mensagem,

a vida de Yuji no Brasil.

Olá a todos, obrigado por participarem hoje, mesmo estando bem atarefados. Aproveito esta oportunidade para me apresentar rapidamente. Pois mesmo meus amigos de 50 anos não sabem muito sobre mim, já que não costumo falar sobre isso.

Nasci em Yubari, na região de Hokkaido. Eu seguia a carreira de pintor em Tóquio, mas, após conhecer um famoso crítico de arte, passei a fotografar o movimento underground japonês a partir de 1968. Foi por meio dele que conheci o mundialmente famoso Shuji Terayama. Ele era um artista multifacetado da literatura, considerado um gênio criativo por seus romances, roteiros, filmes e peças de teatro. Trabalhei com ele em vários lugares da Europa e, depois, morei em Paris, onde tirei fotos para indústria de moda. Depois de me mudar para Nova York, em 1973, vim passear e visitar meu irmão mais velho, Tomoshige, que era pintor e morava em São Paulo.

Graças a ele, tive a oportunidade de me expressar artisticamente, tornei me um artista em vários gêneros e aprendi a aproveitar a vida ao máximo no Brasil. Organizei a exposição "Cosmos", uma mostra de gravuras contemporâneas japonesas, com o objetivo de dar um novo sopro ao mundo da gravura no Brasil. A exposição foi realizada em um museu no prédio da Bienal e tornou-se um evento muito comentado, com filas todos os dias. Depois disso, fui convidado para exposição de artistas contemporâneos brasileiros, apresentei a primeira instalação artística do Brasil e recebi críticas positivas em jornais e outras publicações! Mais tarde, em 1977, fui convidado para a Bienal de São Paulo; paralelamente realizei exposições de fotografia e caligrafia no MASP e apresentei obras de instalação no MAM do Rio de Janeiro! E em outros locais!

Fora do Brasil, realizei exposições de instalações em Miami, nos Estados Unidos, na Tailândia, na Coreia do Sul etc.

Também dirigi espetáculos de dança moderna no Japão e em Colônia, na Alemanha. Posteriormente, passei o bastão para meu irmão Takao, que se tornou um prestigiado coreógrafo no Brasil.

Assim, no Brasil e no Japão, os irmãos artistas brasileiros passaram a ser conhecidos no mundo das artes!

Durante esses 36 anos, atuei como produtor artístico-cultural em eventos que promovem o intercâmbio cultural entre o Brasil e o Japão! No Japão, já faz 39 anos que criamos o Carnaval de Asakusa. No Brasil, trouxe e ajudei a divulgar a dança contemporânea japonesa autóctone, conhecida como butô. Ainda, levei apresentações de teatro contemporâneo, dança e música japonesas a várias partes do Brasil.

Além disso, durante o 80º aniversário da imigração, com o intuito de ajudar os imigrantes que não podiam visitar sua terra natal, trouxe apresentações artísticas folclóricas de 20 províncias japonesas e realizei um evento com 100 bandeiras de carpas hasteadas no ginásio de Ibirapuera. Além disso, com o apoio do SESC Brasil, do Ministério das Relações Exteriores do Japão e da Agência Japonesas de Cultura, realizamos apresentações teatrais para comemorar os 110 e 120 anos das relações diplomáticas entre o Japão e o Brasil! Aos 83 anos, porque esses eventos exigem muita energia física e mental, além de ser estressante, resolvi dar um tempo por enquanto. O Brasil me favoreceu várias experiências de vida. Daqui em diante, quero levar uma vida divertida e alegre, cheia de música e dança!

Meus amigos, conversem à vontade entre os que estão aqui hoje. Façam-se amizades 😊 Obrigado 🙏