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Livros resgatam trajetória de professor de japonês e de médico que marcaram a história da imigração nipônica no Brasil

14/08/2025

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Obras lançadas no contexto dos 130 anos de amizade Brasil- Japão foram idealizadas pelo ex-ministro Shigeaki Ueki e destacam contribuições de brasileiros à comunidade nipo-brasileira nas áreas da educação e da saúde

Por ocasião das comemorações dos 130 anos de amizade Brasil- Japão, duas biografias foram publicadas com o objetivo de valorizar figuras brasileiras cuja atuação teve impacto decisivo na história da imigração japonesa. A iniciativa é do ex-ministro de Minas e Energia do Brasil Shigeaki Ueki, que buscou homenagear, em frentes distintas — a educação linguística e a medicina —, o papel desses personagens na preservação cultural e no fortalecimento dos laços entre as duas comunidades.

O primeiro homenageado é José Santana do Carmo (1906-1972), reconhecido como o primeiro professor brasileiro de língua japonesa e um dos raros tradutores públicos juramentados antes da Segunda Guerra. Natural da Bahia, mudou-se em 1921 para Araçatuba (SP) em busca de trabalho e, ao atuar na Colônia Aliança junto a agricultores japoneses, aprendeu o idioma. No final da década de 1930, tornou-se professor em um período em que docentes brasileiros de japonês eram quase inexistentes.

Santana também entrou para a história em 25 de maio de 1967, durante a comemoração dos 60 anos da imigração japonesa, quando interpretou para o japonês o discurso de boas-vindas ao então príncipe herdeiro e à princesa, diante de cerca de 70 mil pessoas no Estádio do Pacaembu, em São Paulo.

A obra “Santana Sensei – Professor de Língua Japonesa” (Gustavo T. Taniguti) retrata não apenas sua trajetória como educador, mas também o papel central que desempenhou como ponte cultural e linguística entre imigrantes japoneses, seus descendentes e a sociedade brasileira. Seu empenho inspirou gerações de nipo-brasileiros a estudar o idioma, reforçando a identidade cultural e a transmissão de valores entre gerações.

O segundo biografado é o médico Jerônimo Monteiro Lopes, figura de relevância na história da saúde pública nas regiões de Presidente Prudente, Álvares Machado e, posteriormente, Registro (SP), cidade marcada pela forte presença de imigrantes japoneses. Apesar de seu impacto, seu nome raramente figurava nos registros históricos da imigração.

A relação de Ueki com o médico remonta a 1919, quando sua família chegou a Registro e foi atendida por Lopes, antes de se transferir para Bastos. A atual sede do Museu da Imigração Japonesa de Registro funcionou como residência do médico e, depois, como sede da Secretaria Municipal de Cultura.

O livro “Juramento Cumprido: A história inspiradora do Médico Jerônimo Monteiro Lopes” (Emília Andréa Salgado e Thaís M. Salgado, Editora Serenarte) reconstrói a trajetória do profissional que, em regiões carentes de estrutura hospitalar, salvou vidas e melhorou a qualidade de vida de inúmeros imigrantes. Sua dedicação consolidou vínculos de confiança e solidariedade entre japoneses e brasileiros.

Para o Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo Kazuo Watabe, 89, nissei, trata-se de uma leitura que “inspira e serve de exemplo de vida”. Segundo ele, “a história do professor Santana nos faz pensar que os próprios nipo-brasileiros deveriam estudar mais a língua japonesa. Vale muito incentivar os jovens a lerem essas obras.”

Ueki, 90, também nissei, afirma que pretende organizar um lançamento oficial para a biografia de Santana. “São livros que mostram, do ponto de vista brasileiro, a profundidade do vínculo entre os dois países. Gostaria muito que fossem traduzidos para o japonês e o inglês e publicados no exterior, especialmente no Japão”, disse.


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