Brasília: Exposição de painéis dos 80 anos das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki; "E se uma bomba atômica fosse lançada em nosso país?"
A exposição de painéis "80 Anos de Hiroshima e Nagasaki", organizada pela Embaixada do Japão no Brasil, foi inaugurada no dia 5, às 15h, no Salão Negro do Congresso Nacional, na capital Brasília. A mostra foi planejada para marcar os 80 anos do bombardeamento atômico das duas cidades japonesas, transmitindo a realidade da experiência atômica através de fotografias. A exposição vai até o dia 15.
O local da exposição apresenta fotografias de Hiroshima e Nagasaki logo após o bombardeio atômico, painéis em português que contam a história de Sasaki Sadako, que morreu aos 12 anos após ser vítima da bomba atômica e se tornou modelo para o "Monumento das Crianças da Bomba Atômica", transmitindo a importância da paz.
Na cerimônia de abertura, o ministro-conselheiro Tomoaki Ishigaki explicou a razão da iniciativa: "Para o Japão, o único país do mundo a sofrer bombardeamento atômico durante a guerra, acredito que nossa maior missão é continuar apelando à opinião internacional pela abolição das armas nucleares".
Shoji Toshie (84 anos, natural da província de Hiroshima), que imigrou após ser atingida pela bomba e atualmente reside em Brasília, relatou suas memórias: "Eu tinha 5 anos quando fui vítima da bomba atômica em minha casa, localizada a 3 km do epicentro. Minha irmã foi vítima da bomba durante o serviço estudantil obrigatório e ficou com queimaduras que colocaram sua vida em risco. Naquela época não havia medicamentos, e disseram que cinzas de sandálias da madeira de paulownia eram boas ou que dar sangue de carpa vermelha para beber ajudaria. Então trouxeram uma carpa grande. Minha mãe sempre agradecia pela gentileza dos vizinhos".
Ela continuou com memórias vívidas: "Eu e minha prima removemos com pinça os fragmentos de vidro que estavam cravados no corpo da minha tia. Lembro-me de termos tirado 2 pedaços, 5 pedaços", e apelou: "Sinto na pele a crueldade da guerra. Gostaria que compreendam o Tratado de Proibição de Armas Nucleares que foi estabelecido e que muitos países participem dele. Esse é o desejo de todos nós, sobreviventes da bomba atômica".
O deputado Kim Kataguiri, o presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Japão do Senado, Esperidião Amin, a diretora do Departamento da Ásia-Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Susan Kleebank, e outros também compareceram, demonstrando empatia ao dizer que "é importante não causar guerras".
A presidente da Associação de Estudos da Língua Japonesa de Brasília, Masae Yada, que compareceu à cerimônia de abertura, comentou: "Há fotografias que nos fazem querer instintivamente fechar os olhos. São todas fotografias que fazem sentir o terror da bomba atômica, fazendo-nos imaginar: 'E se uma bomba atômica fosse lançada em nosso país?'".
A exposição de painéis da bomba atômica deve percorrer várias localidades. O cronograma está sendo ajustado com consulado japonês de cada área.