Ensaio dos Voluntários da JICA: Relatando sobre as comunidades nikkeis do Brasil (45) Cooperação é Pensar Juntos, por Mayu Misho (Colégio Harmonia)

Trabalho no Colégio Harmonia [de São Bernardo do Campo (SP)], uma instituição integrada que vai da educação infantil ao ensino médio. Aqui, em poucas palavras, é "o melhor do Japão e do Brasil". Há aulas de japonês, português, inglês e espanhol, além de aulas de ábaco e taiko. Caminhando pela escola, de algum lugar você pode ouvir o som "don-don" do taiko, e do outro lado, risadas em português ecoam pelo ar.
Aqui trabalho como professora de "educação ambiental". Mas, quando me apresentei pela primeira vez, tanto as crianças quanto os pais perguntaram em uníssono: "Professora de japonês?". Realmente, quando um japonês vem, vocês pensam que ele vai ensinar japonês, não é? Eu respondi rindo: "Não, sou uma professora que ensina separação de lixo e meio ambiente natural". Foi uma apresentação bem modesta.
Quando cheguei ao Brasil, para ser honesto, estava um pouco tensa. Pisei neste país com muito ânimo, pensando "Vou transmitir a cultura e tecnologia japonesas!". Mas, quando efetivamente entrei no local de trabalho, fiquei um pouco desapontada. Os professores eram muito competentes, havia materiais didáticos excelentes nas salas de aula, e as instalações da escola estavam bem equipadas. O número de pessoas era suficiente, a motivação também era suficiente. Pensei "Opa, já tem tudo aqui". Naquele momento, murmurei sozinha em meu coração: "O que será que posso fazer aqui?".
Nos primeiros seis meses, para ser honesta, fiquei um pouco deprimida. Depois de atravessar o oceano, não conseguia encontrar o "significado da minha presença" aqui. Mas pensei que seria desperdício ficar apenas deprimida, então abri um caderno. Escrevi "O que posso fazer?", pensei, e escrevi novamente. E então percebi. Não se tratava de ensinar conhecimento, mas de pensar juntos sobre "como transformar o que sabemos em ação" – isso eu podia fazer.
As crianças conhecem bem os conhecimentos sobre meio ambiente. Palavras como "Vamos separar o lixo" e "Vamos cuidar da natureza" já ouviram muitas vezes. Mas conseguir fazer isso na vida real é uma história diferente. Por isso comecei a dar aulas centradas na ação.
Por exemplo, investigando os arredores da escola para observar que tipos de lixo são mais comuns, ou discutindo "Por que há muito aqui?" e "Quem jogou?"
No início, as crianças pareciam um pouco entediadas, como se dissessem "Já sabemos disso", mas conforme foram entendendo sobre sua própria cidade, seus olhos foram brilhando cada vez mais.
Logo surgiram vozes dizendo "Então nós também vamos tomar cuidado" e "Vamos comunicar isso aos outros", e realmente começaram a agir.
Naquele momento, senti que "proteger o meio ambiente" deixou de ser apenas conhecimento ou obrigação e se transformou no "orgulho das próprias crianças".

Antes de vir, pensava que "voluntário de cooperação internacional = pessoa que ajuda". Mas, quando efetivamente comecei a trabalhar, entendi que somos "pessoas que constroem juntas". As crianças, mesmo sem dizermos nada, pensam e agem por si mesmas. Vendo isso, sinto na prática que cooperação não é "ensinar", mas sim "pensar juntos".
Recentemente, durante os intervalos das aulas, as crianças me relatam: "Professora, tem lixo no chão!". Eu respondo rindo: "Sim, vamos pegar". Certamente essas crianças, ao pegar o lixo, também estão pegando seu próprio futuro. E eu também sinto que, pouco a pouco, estou pegando novas partes de mim mesmo neste país. "Cooperação" talvez seja isso.
Hoje também, toda vez que vejo o sorriso orgulhoso das crianças dizendo "Professora! Peguei o lixo!", sinto que meu coração fica um pouquinho mais limpo.