COLUNA: Do Kasato-maru à Expo Osaka: tradição agrícola e futuro sustentável (16) Mario Jun Okuhara

Por Mario Jun Okuhara
Depois do presidente Lula, do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, chegou a vez do ministro Paulo Teixeira visitar o Japão. O titular da pasta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) representou o Brasil na Expo Osaka 2025 a convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX).
Na ilha artificial de Yumeshima, na baía de Osaka, o ministro participou de reuniões e de um painel dedicado à governança alimentar justa e sustentável, com ênfase na segurança alimentar baseada na valorização da agricultura familiar. Teixeira ressaltou a importância de políticas públicas que assegurem o acesso justo aos alimentos e destacou iniciativas implementadas no Brasil voltadas ao fortalecimento da produção no campo.
No dia 14 de agosto, o ministro também visitou a fazenda da Higashiyama Vegefru (株式会社東山ベジフル), na cidade de Yao. Especializada em beterrabas orgânicas, a empresa se orgulha de ser a maior produtora desse segmento no Japão. Em 2024, alcançou a marca de 32 toneladas produzidas e comercializadas.

Durante o painel “Diálogo sobre Segurança Alimentar e Proteína Animal”, Paulo Teixeira fez questão de destacar a contribuição da comunidade nipo-brasileira para a agricultura nacional:
“O povo japonês que aportou no Brasil em 1908, no navio Kasato-maru, deixou uma tradição importante na agricultura brasileira, de uma agricultura sofisticada. Certos setores da nossa agricultura têm a forte presença da comunidade japonesa. E o Brasil está vivendo um bom momento de apresentar os seus produtos e diversificar os seus mercados”.
Teixeira fala com propriedade. É casado com Alice Yamaguchi, pai de sete nipo-brasileiros e tem profunda familiaridade com a cultura japonesa. Ele também reconhece a relevância dos produtores de famílias nipo-brasileiras, alinhando-se à própria missão do MDA de valorizar a agricultura familiar como base para a segurança alimentar e o desenvolvimento do país.
Mais do que uma presença protocolar, sua participação na Expo Osaka traz uma mensagem de fundo: a história da comunidade japonesa no Brasil e sua contribuição para o desenvolvimento do país precisam ser reconhecidas como parte do patrimônio coletivo da nação. Que essa memória seja de conhecimento comum de todos os brasileiros e valorizada nas escolas, nos espaços públicos e na vida política do país.
