Cerimônia memorial solene aos imigrantes do Ryojun-maru = Descendentes homenageiam pioneiros após 115 anos = Chamado de Yano-san reuniu 100 participantes
O Comitê Organizador Ryojun-maru 115 Anos (representante Amélia Haruko Yano), que homenageia o segundo navio de imigrantes que transportou 919 imigrantes japoneses em 1910, realizou solenemente no dia 19 (sábado) às 9h da manhã, no jardim japonês dentro do Centro Educacional e Esportivo Edson Arantes do Nascimento (Pelezão), no bairro da Lapa, em São Paulo, uma cerimônia do 115º aniversário em homenagem aos imigrantes do Ryojun-maru e uma cerimônia comemorativa do 15º aniversário do jardim, com a presença de cerca de 100 pessoas relacionadas, incluindo o subprefeito da Lapa, Coronel Telhada, e Diogo Miyahara, assessor do vereador Kenji Ito.
O jardim foi construído devido à conexão de Amélia Haruko Yano, que mora nas proximidades do parque, sendo neta do casal de imigrantes do Ryojun-maru, Hikojiro e Haruyo Yano. Como um jardim japonês com monumento gravado com os nomes das 919 pessoas, lago onde nadam carpas nishikigoi e lanternas de pedra, o local foi inaugurado em 2010 na comemoração do centenário do Ryojun-maru, com a presença do então cônsul-geral de São Paulo, Kazuaki Obe, e sua esposa.
No caminho para o jardim foram penduradas serpentinas de Tanabata, criando uma atmosfera de festividade nikkei, e dentro do jardim algumas das 200 cerejeiras plantadas em 2003 para comemorar o 50º aniversário da imigração pós-guerra estavam florescendo. Primeiro foi oferecida uma oração de gratidão aos pioneiros e ancestrais do Ryojun-maru pela Seicho-no-Ie.
A presidente do comitê executivo, Amélia, disse: "Meus avós que vieram ao Brasil no Ryojun-maru tinham o sonho de economizar dinheiro e retornar ao Japão, mas isso não se realizou. Mas graças a isso, nasceu aqui a comunidade nikkei, que se tornou amada pelos brasileiros, e, como nissei, tenho orgulho disso. Os ancestrais imigrantes do Ryojun-maru que estão no céu nos abençoaram com o tempo ensolarado de hoje, e as cerejeiras também floresceram. Este é um presente do céu", disse apontando para a cerejeira ao lado do local e expressando palavras de gratidão aos presentes.
Em seguida, foram cantados os hinos do Brasil e do Japão, e foi observado um minuto de silêncio pelos falecidos. Amélia entregou placas comemorativas de agradecimento a quatro pessoas que muito contribuíram para a construção e manutenção do jardim japonês: Antonio Gaspar de Oliveira, Antonio José Hernandez Sanchez, Coronel Luis Nakaharada e Rita Maria Arena Mimetti. Uma medalha de homenagem da União dos Escoteiros do Brasil foi entregue à Amélia. Também foi lhe apresentado um bolo comemorando o beiju (88 anos).
O presidente da Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil (Kenren), José Taniguchi, disse: "Amélia está muito saudável. Então certamente celebraremos seu hakuju [99 anos]. Foi demonstrado amor e respeito pelas 919 pessoas. Porque eles escolheram o Brasil, temos nossa comunidade nikkei de 2,7 milhões de pessoas. Com o avanço dos casamentos com brasileiros, agora todos se tornaram parentes, triplicou, e podemos dizer que temos uma comunidade nikkei de 8 milhões. Eles também são todos nikkeis. Mesmo assim, são uma pequena parte da sociedade brasileira, mas entre eles surgiram talentos de primeira linha como empresários, militares e burocratas. A cultura japonesa ensinada pelos pioneiros está sendo transmitida até a quinta geração, e uma parte da integração dos nikkeis na sociedade brasileira aparece neste jardim japonês. Os sonhos dos pioneiros se realizaram aqui através de seus descendentes. Agora devemos transmitir nossa cultura aos nossos descendentes e contribuir para realizar uma sociedade mais pacífica, justa e próspera", disse, e a platéia reagiu com aplausos e gritos de alegria.
O coro da Seicho-no-Ie, que também cantou na cerimônia de abertura do jardim japonês há 15 anos, foi novamente convidado e cantou canções em japonês dedicadas aos pioneiros, "Senyu (canção militar)", a pedido de Amélia, além de "Canção de despedida aos compatriotas que partiram para o Brasil" e "Obrigado, gratidão".
Antes da segunda canção, Toshiaki Yokoyama (78 anos, nissei) falou com emoção: "Nossos avôs e avós tiveram seus sonhos frustrados e se tornaram terra do Brasil, mas, para a geração atual, após 117 anos, isso se tornou uma história distante do passado. Para retribuir a dívida com esses pioneiros, o que podemos fazer agora é aproveitar as características dos nikkei e dar o nosso melhor para o desenvolvimento do Brasil, que se tornou a segunda pátria dos imigrantes".
Depois disso, foram realizadas apresentações do Ikkon São Paulo Taiko, foi servido yakisoba do Buffet Yano, e os presentes celebraram o marco.
Um dos convidados, o ex-presidente da Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo (Enkyo), Yoshiharu Kikuchi, disse: "Em 2003, plantamos 500 mudas neste parque Pelezão para comemorar o 50º aniversário da imigração pós-guerra. Dessas, 200 eram cerejeiras, que em breve estarão em plena floração. Naquela época, este parque tinha apenas um campo de futebol e uma piscina seca, mas agora se tornou um local de descanso onde os cidadãos desfrutam diariamente de vários esportes. Plantar as cerejeiras tornou este local amado pelos moradores da vizinhança, e a segurança também melhorou. Isso é fruto dos esforços de Amélia e de todos vocês que se reuniram hoje", disse com emoção enquanto olhava ao redor do parque.
O presidente do Brasil Hyogo Kenjinkai, Yoshikatsu Yamashita (81 anos, nissei), disse: "Meu pai veio em 1914 no Wakasa-maru e, passando pela colônia de Guatapará, se estabeleceu na colônia Hirano. Associações de companheiros de viagem organizadas pelos próprios isseis são comuns. Mas é muito raro os descendentes realizarem cerimônias de homenagem aos navios de imigrantes após a morte dos próprios imigrantes", enfatizando a importância do evento.